terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Boa noticia!

Os turistas que irão passar férias nas praias de Salvador vão poder manter o prazer de comer nas brancas areias do mar uma iguaria regional com registro no Patrimônio Imaterial. As soridentes baianas do Acarajé poderão ficar na orla com seus tabuleiros coloridos e apetitosos , após ameaça de serem expulsas pela justiça federal.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

“La révolution des frites”

 
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“La révolution des frites”
Jovens belgas cansados com a incompetência dos políticos nacionais em encontrar um “modus vivendi” para a formatação de um governo nacional há mais de 249 dias (recorde mundial) organizaram nessa quinta feira uma manifestação bem humorada e lúdica para o dia do “saco cheio” .
“A união faz a força” leme da bandeira belga foi transformado por um dia num movimento bem humorado, confirmando a Bélgica como berço da HQ na Europa: O protesto da batata frita.
A batata frita (de origem belga)com maionese é um dos simbolos da culinária no dia dia do país - nossa mandioca com feijão.
A manifestação contém uma mensagem simbólica anti-separatista e uma prova com referência gustativa da integração entre o povo Wallon e Flamand.
Ler no Blog do Ricardo Noblat a matéria por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Entrou com pé esquerda e ficou parado no tempo.

Onde já se viu uma universidade pública se submeter aos interesses de uma escola de gastronomia particular para montar uma seção dedicada à Gastronomia?
Há mais de dez anos atrás quando cheguei em Brasília, fui consultado para ajudar a nortear o projeto de Gastronomia da UNB.
Levantei pontos imprescindíveis para o desenvolvimento do conceito dos cursos .
Um dos conceitos era, e ainda é, da UNB fazer parcerias com corpo docente de outras universidades e escolas de Gastronomia pelo mundo na área do conhecimento técnico e acadêmico, investir na nanotecnologia e na nanociência para desenvolver um método próprio adaptado aos interesses do país. Focar e valorizar a diversidade nacional, tanto pela diversidade cultural aqui presente quanto a variedade dos ingredientes e produtos que se encontram nos seus biomas.
Vamos torcer que da decadência dessa parceria, natimorto, nasça um projeto ambicioso, sustentável e com olhar para o futuro da gastronomia no Brasil.

Matéria publicada no Correio Braziliense do 15 de fevereiro por Renato Alves

Dez anos de desperdício na UnB Sofisticados utensílios comprados para aquela que seria uma filial da mais famosa escola de gastronomia do mundo permanecem guardados em subsolo empoeirado e sem ventilação Coifas e prateleiras em aço inox. Câmaras para armazenar frutas, verduras, legumes, carnes, peixes, laticínios e congelados. Móveis e utensílios suficientes para equipar sete cozinhas, uma padaria, uma confeitaria e dois restaurantes com o que havia de mais moderno, chique e caro no universo gastronômico. Tudo está abandonado há 10 anos no subsolo inacabado de um prédio da Universidade de Brasília (UnB). O espaço foi reformado por R$ 300 mil para abrigar a primeira filial permanente na América Latina da mais badalada escola de gastronomia do mundo, a francesa Le Cordon Bleu (leia Memória). Mas nunca houve uma aula para os candidatos a gourmets e a chefs. Nem fizeram qualquer prato em tal aparelhagem. Quase toda a parafernália permanece embalada em uma das salas do subsolo de 579 metros quadrados do Centro de Excelência em Turismo (CET), no câmpus Darcy Ribeiro, na Asa Norte. Sem acabamento, com fiação exposta, muita poeira e nenhuma ventilação, o ambiente onde seria instalada a unidade da Le Cordon Bleu se transformou em depósito de entulhos. No lugar de cozinhas para aulas de culinária, alunos e professores, a construção abriga ainda equipamentos quebrados, papéis velhos, morcegos, aranhas e outros bichos. Só agora, 12 anos após a assinatura do convênio entre as instituições francesa e brasiliense, a UnB busca uma destinação ao espaço e aos sofisticados utensílios gastronômicos (veja Linha do tempo). As direções da escola europeia, da UnB e do Instituto Gastronômico Brasileiro (IGB) firmaram a parceria que resultaria na Le Cordon Bleu candanga em 1998. Empreendimento propagado à época como um marco na história da universidade e do turismo brasiliense. Os idealizadores do projeto anunciaram que ele custaria US$ 2 milhões, pouco mais de R$ 4 milhões na época. O valor dizia respeito aos aparelhos necessários para a montagem das cozinhas e as salas de aulas. No entanto, o contrato não deixava claro quanto cada instituição deveria desembolsar nem trazia prazos e previsão de multas para o descumprimento de cláusulas. Os cursos, todos pagos, seriam abertos de acordo com a demanda. Cerca de 3 mil pessoas se inscreveram para as especializações na área de culinária. Gente disposta a desembolsar até R$ 20 mil para aprender os segredos das melhores cozinhas do mundo em dois anos. As vagas eram limitadas: 64 por semestre. A seleção seria feita por três especialistas: um da Le Cordon Bleu, um da UnB e outro do IGB. Poderiam concorrer jovens com mais de 17 anos, de ambos os sexos, com segundo grau completo. Era recomendável o domínio do inglês e do francês, pois muitos dos professores viriam das seis escolas Le Cordon Bleu no mundo. O modelo foi testado na Austrália. Em seis anos, de 1994 a 2000, foram formadas três turmas de chefs, revolucionando a culinária daquele país. Ampla reforma Em Brasília, os cursos de formação seriam ministrados na universidade. Antes de ter um espaço adequado na UnB, o IGB abriu vagas para oficinas. Quando funcionava na Associação Atlética Banco de Brasília (AABR), no Lago Sul, o instituto sediou as poucas aulas da Le Cordon Bleu na capital brasileira. Mas as atividades não passaram de demonstrações e degustações para gourmets, entre novembro e dezembro de 2000. Logo depois, extinguiram o IGB. Para compensar os gastos com obras no prédio do CET, em andamento, o instituto decidiu compensar a UnB com R$ 300 mil em aparelhos gastronômicos. A universidade recebeu os itens em 2001, com a futura sede da Le Cordon Bleu inacabada. Na intenção de receber aquela que seria a maior unidade da escola francesa — então com sete filiais —, o prédio do CET passou por uma profunda reestruturação. Iniciada em 1998 com previsão de acabar dois anos depois, a obra foi concluída no fim de 2005. A arquitetura, diferente da dos demais edifícios do câmpus, passou a chamar ainda mais a atenção. Em uma área de 4,4 mil m², o CET tem um módulo central e quatro periféricos, todos na forma de octógono, com estrutura em madeira amazônica carapanaúba, conhecida como sapupema. Qualidade Além dos jardins externos, introduziram-se duas áreas verdes no interior do complexo. O prédio, de 1986, passou por uma reformulação total das estruturas, com pilares de concretos erguidos para melhorar a sustentação. Na época, a direção da UnB divulgou que tudo havia sido feito para receber os equipamentos da Le Cordon Bleu. Como os administradores da universidade esperavam um grande fluxo de pessoas e de carros em função da escola de culinária, todos os acessos ao CET receberam passarelas e um espaço para embarque e desembarque de alunos, professores, funcionários e visitantes. Foram construídos, ainda, quatro estacionamentos para 130 veículos. Das dependências destinadas a Le Cordon Bleu, ficou pronto apenas o restaurante. Erguido no térreo, com piso e pilastras feitos de madeira amazônica, ele teria capacidade para 120 pessoas e serviria de sala de aula e de teste aos alunos. No espaço, seriam oferecidas as delícias das cozinhas francesa, italiana, tailandesa, indiana, além da brasileira. Com a falta de dinheiro para a conclusão da reforma no prédio do CET e a ausência de normas e de punições no contrato firmado há 12 anos, a UnB e a Le Cordon Bleu não desembolsaram um centavo para a compra de ingredientes e outros equipamentos necessários ao início das aulas. Mas a direção da universidade manteve a ideia de ter uma unidade da escola francesa mesmo em meio à sua maior crise institucional, que culminou no fim da administração Timothy Mulholland, em 2008. O contrato expirou em maio de 2009, quando acabou sepultado. “Acreditamos que a gastronomia tem também um lado social, e é nisso que passamos a investir”, afirma o diretor do CET, Neio Campos. Ele assumiu o cargo pouco antes do fim do acordo com a Le Cordon Bleu. Aomesmotempoemqueconsidera um “elefante branco” o subsolo do CET, Campos diz que a parceria frustrada com a escola francesa deixou um “legado” à UnB. “O prédio foi restaurado e é um dos mais belos do câmpus. Nele, funcionam os cursos de hotelaria e de turismo”, ressalta. Mas a UnB, que seria precursora em Brasília e na América Latina em cursos de alta culinária, perdeu candidatos a chefs para três universidades particulares do DF que, nesses 10 anos, criaram seus cursos de gastronomia

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Culinária Guá Yvá

 
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O Brasil inaugurou sua gastronomia “fusão” na época do descobrimento, quando os conquistadores começaram a incorporar ao seu cardápio os ingredientes indígenas.
Os colonos portugueses aculturaram-se aqui e nas várias partes do mundo assimilando os produtos disponíveis in loco, sem deixar de preservar seus pratos tradicionais. Para se aconchegar no conhecido e matar a saudade da pátria, iniciaram um novo comércio de temperos entre os continentes.
Sal, rapadura, carne seca ou moqueada, farinha de mandioca faziam parte da dieta espartana dos bandeirantes. Essa culinária tinha que sustentar os esforços físicos dos tropeiros e longas semanas de expedições terra adentro.
Os africanos assimilaram a mandioca na sua culinária e gostaram tanto que levaram a raiz para seus países de origem.
Outras culturas, mais puristas, ainda relutam em passar por este processo de evolução com medo de perder sua identidade.
Durante séculos as inovações na área da gastronomia foram feitas por aqui com ingredientes vindos de fora do país. O destaque ia para produtos exóticos como a maçã, a pêra, o morango, as nozes, as avelãs, o alho porró, o salsão, o salmão, o bacalhau, o azeite, “secos e molhados” que davam notoriedade e prestígio aos banquetes com eles preparados.
500 anos se passaram, o guaraná se integrou às receitas de estimulantes e refrescos no nosso dia a dia, a cachaça ganhou roupa nova e distinção, o café voltou a ser orgulho nacional. O vinho está hoje passando por uma grande revolução, investindo e diversificando suas áreas de cultivo no Nordeste e no Sul.
O cacau da Amazônia está sendo estudado para entrar na lista dos próximos produtos a se destacar, depois de ter sido quase erradicado no sul da Bahia.
Na década dos 80, a tendência da nouvelle cuisinne, com sua filosofia de utilizar ingredientes frescos, do terroir, veio valorizar novos sabores, texturas e perfumes dos produtos originários.
Hoje os Chefs brasileiros com reconhecimento e formação internacional marcam sua identidade agregando cada vez mais produtos genuínos, proveniente de pequenos produtores, de manejo ou de colheitas sustentáveis, para se sobressair e enriquecer suas criações, revendo receitas tradicionais. É com a ajuda deles e da notoriedade da arte dos sabores que a grande diversidade de produtos daqui está caminhando para uma maior divulgação e relevância. Preconceitos sobre alguns ingredientes populares estão desabando pela destreza dos alquimistas dos sabores. Lá e cá apontam pequenos produtores, ousados, empolgados com a força desse movimento, que estão retomando o cultivo, a criação e a colheita de frutos, plantas, raízes e animais que estavam ameaçados de esquecimento e até desaparecimento.
As técnicas contemporâneas no preparo desses alimentos e a conscientização dos Chefs e do público só podem ajudar a fixar o retorno desses produtos, dando assim uma identidade à Gastronomia brasileira, a culinária Guá-Yvá (do guarani, Fruto da Natureza).
Só assim, com o reconhecimento e o uso dos produtos da terra no próprio Brasil, pode-se pensar em despertar interesse por eles nos mercados lá fora.