sexta-feira, 22 de julho de 2011

É nisso que dá deixar de fiscalizar a rede de supermercado que vende Pirarucu como Bacalhau

Karina Ninni - O Estado de S. Paulo
Moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá (RDS), no Amazonas, estão denunciando ameaças de morte por parte de pescadores profissionais de Fonte Boa (AM), cidade vizinha à reserva. A denúncia foi encaminhada em forma de carta a pesquisadores e jornalistas. Os ribeirinhos, ligados às Associações de Produtores do Setor Maiana e do Setor Solimões do Meio, afirmam que pescadores de Fonte Boa estão invadindo a RDS e burlando um acordo de pesca. A carta é escrita em nome de 16 comunidades (cerca de 214 famílias ou 1070 pessoas).


"É uma região em que se formam lagos cada vez que acontece a vazante, e eles ficam cheios de peixe. Existe um acordo entre os pescadores da reserva e os de Fonte Boa, que podem pescar em alguns dos lagos. A queixa é que os 'de fora' estão invadindo a área à força e pescado em lagos que não lhes foram destinados, além de não respeitar o período em que a pesca é proibida", afirmou uma fonte que não quis se identificar e que já trabalhou em Mamirauá. Ele diz que recebeu, pelo telefone, dois chamados de socorro dos moradores da RDS, um deles relatando a ocorrência de tiros.

"É importante frisar que os comunitários chamaram a Polícia Militar de Fonte Boa e colocaram à disposição dela um barco e ajuda para combustível, mas a corporação se recusou a ir até lá", afirma a fonte.

Os ribeirinhos da RDS fazem o manejo do pirarucu, espécie considerada ameaçada e com pesca proibida o ano todo no Estado do Amazonas. A RDS Mamirauá é uma das poucas regiões do Estado do Amazonas em que as populações têm autorização do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para o manejo e a pesca da espécie, durante três meses do ano. Mas só podem ser capturados indivíduos com mais de 100 kg. "Por todo esse trabalho, temos sofrido muitas ameaças de morte", diz a carta dos comunitários. A reportagem tentou contato com uma liderança de dentro da RDS, sem sucesso.


O chefe do Departamento de Manejo e Geração de Renda do Centro Estadual de Unidades de Conservação do Amazonas (CEUC), Guillermo Moisés, afirma que o conflito foi relatado pela primeira vez há cerca de um mês, e que já esteve no local.


"Recebemos a primeira denúncia dia 20 de junho e me desloquei até lá no dia 23, para uma reunião na qual presentas várias instituições locais, representantes dos denunciantes e dos pescadores de Fonte Boa. O que acontece é que o grupo que deveria estar cuidando do zoneamento pesqueiro na região deixou de se reunir e o zoneamento não saiu. Aí, os moradores de dentro da RDS, na tentativa de chamar atenção para o fato, proibiram os outros de entrar lá. E foi aí que começou o problema. Durante minha diligência, estabelecemos que o zoneamento seja finalizado até agosto e abrimos outras áreas aos pescadores da cidade. Também enviamos um técnico nesta quarta-feira para acompanhar de perto o conflito", explicou Moisés. Ele afirma que a carta enviada aos jornalistas não cita as providências já tomadas. "É como se nada tivesse sido feito."


Polêmica

O presidente da Associação de Pescadores do município, Sebastião Neri, afirma que nada do que consta na carta dos ribeirinhos é verdade. "Não houve ameaça de morte, não houve tiro. Quer dizer, tiro houve, mas foram tiros em pássaros que os pescadores estavam caçando para se alimentar", explica.


Ele diz que os comunitários de Mamirauá é que fecharam os nove lagos em que os pescadores da cidade tinham permissão para pescar, dentro da RDS. "Não sei porque fecharam. Não fizemos nada para que isso acontecesse", afirma.


A versão é corroborada pelo diretor do Instituto de Desenvolvimento Sustentável de Fonte Boa, Arley Afonso.


"Dois comunitários lá de dentro resolveram por conta própria fechar a entrada dos lagos. Sentamos com eles e com os pescadores da cidade e explicamos que essa gestão tinha de ser participativa. ", afirma Afonso, que não soube explicar o porquê dos comunitários da RDS terem fechado os lagos aos pescadores "de fora".


A carta dos habitantes da reserva de Mamirauá fala abertamente em ameaça de morte. "Hoje, não podemos mais chegar à cidade de Fonte Boa, pois há um grupo de pescadores que querem nos matar" (sic).


"A carta e a situação nos deixam surpresos: o conflito não tem essa magnitude, não existem ameaças de morte nem nada disso", diz Arley Afonso.

Segundo Sebastião Neri, dos nove lagos que haviam sido fechados para os pescadores da cidade, três já foram reabertos. "Faltam seis ainda", completa.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O que está errado?

Folha de São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2011


Comida não viaja

Caricatos e sem viço, restaurantes de comida brasileira no exterior focam na cozinha saudosista para imigrantes e não são sucesso nem de público nem de crítica

Letícia Moreira/Folhapress

Restaurantes brasileiros no exterior têm dificuldade de encontrar cozinheiros; dos três do Rice'n'Beans, em Nova York, dois são mexicanos e só um é do Brasil

DE WASHINGTON, MADRI, PARIS, BERLIM, LOS ANGELES E NOVA YORK

O cardápio traz uma tal de "paella brasileira". Uma mistura, explica o menu, de camarões, mariscos, lula, arroz... E um molho verde de coentro, "jalapeño", agrião, alho, curry, vinho e azeite, tudo na panela de barro.
"Todo mundo pede", afirma Alcy de Souza, dono do Grill from Ipanema, restaurante brasileiro em Washington. No cardápio, há ainda um linguine de feijoada.
Os pratos, de causar estranheza, são uma caricatura da cozinha brasileira. Mesmo nos lugares mais fiéis, a lista não passa de feijão-preto, mandioca, bife acebolado, farofa, moqueca, coxinha e pão de queijo. Tudo bem-feito, mas sem brilhantismo nem arroubos de criatividade.
"A comida brasileira em Madri não tem nada a ver com o alto nível e variedade que provei quando estive no Brasil. A cena culinária de São Paulo me pareceu fora de série", afirma a jornalista Rosa Rivas, repórter de gastronomia do jornal "El País".
Para entender as dificuldades de levar a comida brasileira para fora do país, a Folha visitou restaurantes em Washington, Boston, Nova York, Los Angeles, Madri, Berlim, Londres e Paris.

IMPROVISO
Em comum, chefs e donos relatam a dificuldade de trazer ingredientes e de achar cozinheiros acostumados aos temperos do Brasil. E daí surge o improviso no fogão.
Para driblar a demora da burocracia francesa na importação dos ingredientes, o Gabriela, em Paris, usa picanha argentina, chuchu asiático, couve espanhola e arroz tailandês. O atraso faz com que os produtos cheguem do Brasil "quase vencidos".
Muitas vezes, a comida caseira improvisada nem sequer é feita por brasileiros.
No Rice'n'Beans, de Nova York, os donos são a filipina Sally Chironis e o bengalês Tito Rahman. Dos três cozinheiros, dois são mexicanos.
Alcy de Souza explica por que os cozinheiros que estão há 19 anos em seu Grill from Ipanema são salvadorenhos. "Brasileiro não fica. Quando faz um dinheirinho, já quer abrir o próprio negócio."
Resultado: sem sucesso de público nem de crítica, e de pobre ambição culinária, os restaurantes se amparam no banzo da comunidade expatriada, com foco nos imigrantes saudosistas.
No concorrido almoço de domingo, o movimento no Grill from Ipanema, em Washington, era mediano. Quase todos eram brasileiros. Alguns americanos chegaram para o "happy hour".
"Para os gringos, comida brasileira agora é churrascaria. O segmento está bombando", afirma o chef Márcio Silva, do Oryza, em São Paulo, que morou 14 anos em Nova York. "Uma pena."
O diagnóstico de Silva se repete ao redor do mundo.
Na capital espanhola, afinal, o rótulo de "brasileiro" é quase sempre colado a restaurantes que funcionam no esquema de rodízio ou bufê.

INGREDIENTES
Celso de Freitas, chef e dono do Gabriela, lamenta. "Desde 2005, o ano do Brasil na França, as coisas melhoraram, mas ainda é complicado achar ingredientes como carne-seca, requeijão e cachaça artesanal."
O Muqueca (assim mesmo, com "u"), na região de Boston, que o diga. Sem licença para vender destilados, oferece um arremedo de caipirinha com uma espécie de vinho licoroso que não passa no teste nem entre os que nunca provaram a versão original com aguardente.
Quando aparece, a clientela estrangeira vem atraída pela imagem exuberante do país no imaginário coletivo.
No Gabriela, o salão é decorado com um boneco barbudo do ex-presidente Lula, com fotos de índios, do Cristo Redentor, de Pelé. Plantas penduradas no teto criam um clima de selva.
No Café do Brasil, em Berlim, mulatas seminuas rebolam entre as mesas e capoeiristas tocam atabaque enquanto os clientes comem.
A dona, Aldacy Santos-Kleindienst, reclama da dificuldade de se firmar na cena gastronômica do descolado bairro de Kreuzberg, apesar dos dez anos do negócio.
"Você quer representar seu país, mostrar que o Brasil não é só samba, suor e cerveja, mas se sente aniquilado."
Nos EUA, a comida brasileira tem eco na culinária do sul do país, também de passado escravagista. Na Europa, os pratos às vezes são suavizados e servidos em etapas, costume local.
Na maior parte das vezes, para dar liga ao cardápio, evoca-se a ideia da comida caseira -epíteto que engole quase qualquer coisa.
(LUCIANA COELHO, LUÍSA BELCHIOR, CíNTIA CARDOSO, CAROLINA VILA-NOVA, FERNANDA EZABELLA E ÁLVARO FAGUNDES)

Noticias do restaurante Oca Lila em Alto Paraiso

 
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A nutricionista Caroline Bergerot com mais de 12 livros publicados na área colocou a mão na massa e apresenta seu novo cardápio no restaurante Oca Lila cuidadosamente repaginado em Alto Paraiso de Goias.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Do alto da serra

 

No inicio do ano, escrevi neste blog sobre o primeiro azeite de oliva produzido no Brasil. Aproveitei o fim de semana para conferir in loco o IV Festival de Maria da Fé e entendi o porque dessa produção: tem oliveiras com mais de 200 anos na praça da cidade. A produção de azeite, ainda em pequena escala, é de uma qualidade bem promissora.
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Araucária Arvore da Serra da Mantiqueira
http://www.florestasnaembrapa.com.br/noticia/17/Embrapa+Florestas+apresenta+resultados+de+pesquisas+em+seminario+sobre+araucaria

A vida por uma moto!

O chef suíço Nicolas Friedrich Hans Dornaus foi assassinado domingo a noite por assaltantes em Interlagos para roubar sua motocicleta.

Voltei!

 
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Sai da capital para subir a serra e descobrir os encantos da Mantiqueira no estado de São Paulo.

Chef Alex Atala no Roda Viva.

Em Brasília o acesso ao canal da TV Cultura é impossível. Foi no Youtube que pude assistir ao programa Roda Viva, que se destaca,há mais de vinte anos, pela qualidade dos mediadores e dos jornalistas convidados para diversificar, focar e enriquecer os assuntos abordados com perguntas ao entrevistado nas segundas-feiras.
Lá estava no centro do cenario o chef Alex Atala, bem á vontade e seguro de si, suas respostas claras e honestas, seu entusiasmo, suas convicções, seu preparo e sua forte personalidade provaram que ele é um dos chefs brasileiros agregadores e que pode ajudar a nortear a gastronomia no país.
O chef foi entrevistado por Maria Gabriela, enquanto quatro representantes da midia culinária escrita esperavam contidos a vez e a hora de poder fazer suas perguntas. Se quiserem assistir http://www.youtube.com/watch?v=2N05Z6vZdw0