Teorias, pesquisas e reflexões sobre a gastronomia brasileira, por Quentin Geenen de Saint Maur
domingo, 10 de janeiro de 2010
Entre estantes e panelas
Meu reencontro com o sociólogo Carlos Alberto Doria e o chef Alex Atala na Livraria Cultura confirmou a indispensável e dinâmica atuação deste chef nascido brasileiro e porta bandeira da Gastronomia no país e pelo mundo.
Dura tarefa de ter que carregar o peso do “piano” e se manter figura de proa para uma jovem leva de chefs à procura da afirmação de uma identidade gastronômica no Brasil.
A diversidade das culturas gastronômicas e uma cozinha fusão de hábitos alimentares de índios, africanos e portugueses já existentes desde seu redescobrimento, apontam para um caminho do uso dos produtos brasileiros como liga para a definição de uma gastronomia nacional, independente da nacionalidade das técnicas e linguagens utilizadas.
Reconheci na platéia alguns jornalistas e chefs-revelações como Henrique Fogaça, do restaurante Sal Gastronomia, Jose Carlos Baratino, do Emiliano, e Rodrigo Oliveira, do Mocotó, discípulos do Alex e seguidores de uma tendência que veio para ficar: a valorização da brasilidade sem esquecer a criativa e dinamica Ana Soares com suas massas do Mesa a 3.
Também presente, nossa querida escritora e banqueteira Nina Horta, grande dama da culinária brasileira que, desde seus primeiros artigos e trabalhos vem destacando com ênfase a importância de utilizar produtos oriundos do Brasil em receitas tradicionais ou contemporâneas para reforçar a personalidade da cozinha nacional.
Alexandra Pericão, contadora de historias para as crianças, envolta no mundo mágico dos escritos. A flautista, Christina Barros sentada na mesma fileira que Celina, filha de Marcus Pereira que mapeou a música popular no Brasil. Na primeira fila estava também Natasha, responsável pelas relações internacionais da Pinacoteca de São Paulo, assim como muitos outros que, pela sua presença comprovaram que a gastronomia vai muito além do comer: é uma síntese de todas as artes, pilar fundamental da cultura de um país.
O mercado e os críticos reconhecem o desempenho dos chefs à procura de qualidade, seja do PF ao foie gras, para valorizar a nossa diversidade, enriquecer nosso prazer gustativo. Com os seus restaurantes DOM e Dito e Dalva, Alex conjuga essa culinária sem preconceito.
A contribuição dos chefs ficaria completa e integraria todos os atores da cena produtiva até a finalização de um prato, quando fosse descriminada a origem dos ingredientes utilizados em seus cardápios.
A evolução cronológica e óbvia da mudança já assumida deixou para trás as denominações personalizadas à moda antiga e, hoje, se descreve os componentes das receitas. Ampliar esse habito com a valorização da origem e do desempenho dos pequenos produtores responsáveis, abre um dialogo entres as partes sensitivamente envolvidas.
Assim, teríamos a mandioca e outros produtos com sabores esquecidos reconhecidos não somente pela arte e renome do chef — que, com sua contribuição ampliaria seu uso — como pela divulgação das peculiaridades, do fazer próprio de cada artesão, de cada região.
O incentivo ao uso de ingredientes sustentáveis, abriria mercado para pequenos produtores e suas famílias, ajudando a salvaguardar os “frutos selvagens” do desaparecimento e da pasteurização dos sabores.
Podemos, assim, reafirmar a importância de pensar globalmente e agir localmente.
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Quentin, dear...
ResponderExcluirFinalmente consegui ver!!! Nada como um sabadão mais tranquilo!
Acho que ficou bem bom!!! Acho que aquela frase ardida não fez falta nenhuma.
beijo,
Carolina
Certamente, deu pra colher, desse encontro na Livraria Cultura, muito ingrediente bom para novas histórias!
ResponderExcluirQue delícia poder se alimentar, tanto metafórica como literalmente, do que você faz!
Agradecida,
Alexandra
Quentin,
ResponderExcluirVc tem toda a razão: é maravilhoso cozinhar com bons ingredientes! Estive na feira de produtos orgânicos aqui em SP e fiz um ovo frito maravilhoso!
: )
Bjs,
Cê