Velejadores do mundo trazidos por bons ventos da Bahia aportaram nesses dias em águas calmas e serenas.
Avisado de que eles queriam conhecer a mega cosmopolita capital do Estado, acompanhei-os em alguns pontos saborosos da cidade. Almoço com arroz de pato criativo, um deles se arriscou na “Brandade de pseudo-bacalhau” no Adega Santiago, outros almoçaram Namorado com crosta de castanha do Brasil no Sal Gastronomia . Depois um giro pelo Santa Luzia para abastecer suas cestas de mil e um sabores para os próximos dias no mar. Encantados com a qualidade, a variedade e o atendimento do lugar, fomos tomar café numa casa atraente na Alameda Lorena.
Entramos na fila, na nossa frente um gringo fazia o seu pedido no balcão, dois cafés expresso 8,60 R$, estamos no Jardins não é? O caixa recebeu uma nota de vinte reais e devolveu o troco sobre dez reais, o turista ficou esperando o que faltava até insistir em cobrar do caixa os 10 reais faltando. Episódio bem desagradável para quem estava acompanhando forasteiros na casa.Ele levou a bandeja com café e copinho de água com gás até uma das mesas. Tomou o primeiro gole e limpou em seguida a boca num guardanapo de papel, deixando um rastro de pó de café no papel. Sentado na sua cadeira, chamou a balconista e se queixou do acontecido, mas a moça, com olhar perdido, parecia não entender, até ele exclamar que ele não tinha pedido um café Turco mas bem um expresso. Qualquer casa de renome teria simplesmente apresentado suas desculpas e trocado o café. Tudo ao contrário, um senhor que parecia o responsável pelo lugar chegou na mesa com uma xícara de chá vazia e, num malabarismo remetendo ao trabalho de um sommelier apresentando um grand Cru, tentou demonstrar que não tinha borra de café no expresso. Mudo e demostrando uma certa irritação, o turista mostrava o guardanapo de papel sujo de borra. Aí veio a frase do energúmeno: é tão pouco, dá para tomar. O ex-cliente se levantou deixando, com toda razão, o espaço onde, pela segunda vez, foi destratado e enganado. Qualquer casa especializada em café sabe que precisa fever mais de uma vez a água com o café para deixar assentar o pó, até a cafeomanciate que lê o futuro na borra de café sabe disso.
O episódio vivido desencadeou um relato dos viajantes: que, embora admirassem as costas brasileiras, as belezas da natureza e a simpatia do povo, não voltariam nunca ao Brasil por terem sido sempre enganados, em todos os lugares por onde passaram, testemunhando uma malandragem institucionalizada.
Marketing pode ser um meio de divulgar pacote de turismo no país afora? E no exterior?
Mas o boca a boca é que vale mesmo para o turismo sustentavel.
Pelo jeito essa aventura será levada aos quatro ventos.