terça-feira, 18 de junho de 2013

A desoneração seletiva da cesta básica...

Gerhard Erich Boehme
boehme@globo.com
(41) 8877-6354


A desoneração seletiva da cesta básica segue a linha da imposição de uma dieta (des)humana, pois direciona o consumo para uma série de produtos que possuem transparência eleitoral, são produzidos por organizações, grandes grupos,  que mais facilmente financiam campanhas e obtém financiamentos privilegiados, em especial junto ao BNDES.

Estes produtos desonerados competem de forma privilegiada com uma infinidade de produtos mais nutritivos e afastam o cidadão, em especial de baixa renda, de uma dieta saudável. Assim um dos inúmeros efeitos da desoneração seletiva é que concorre de forma intensa para a obesidade, hoje um dos principais problemas de saúde no Brasil, o qual concorre para outros problemas, sobrecarregando os serviços públicos de saúde que já são comprometidos com os nossas deficiências na área de saneamento – que compromete a saúde preventiva, a escalada da violência crescente – que compromete as áreas de medicina emergencial e intensiva, os resultados das drogas – que compromete outras deficiências, e acidentes de trânsito e de trabalho, que produz os mesmos efeitos que a violência.

A esta triste realidade se soma o fato de que a desoneração seletiva promove a discriminação, não inclui os alimentos de macrobióticos, de veganos e vegetarianos, e o que e mais grave, promove de forma acintosa a discriminação religiosa, pois temos a alimentação sob controle de qualidade mais rigoroso, para que um alimento se torne Kosher ou considerado Halal. Sem contar que temos a discriminação étnica, pois o Brasil é multiétnico e temos uma alimentação que traz consigo não apenas a cultura, mas a tecnologia para a produção de alimentos, o que abre mercado também para seus produtores, gera emprego, riqueza e renda, reforça a agricultura familiar. Isso sem contar a rica alimentação regional que temos no Brasil.

A desoneração seletiva de outros produtos, como a linha branca, veículos e outros também traz visibilidade política, pois direciona o consumo para uma série de produtos que possuem transparência eleitoral, são produzidos por organizações, grandes grupos, que mais facilmente financiam campanhas e obtém financiamentos privilegiados, em especial junto ao BNDES.


Ocorre que a capacidade de consumo do brasileiro é limitada, não temos poupança interna, e muito menos capacidade para criá-la, já que mais de 40% da renda do cidadão é canalizada para fazer frente aos impostos que não retornam em bons serviços públicos, basta ver a área de saneamento, a educação fundamental, a saúde, a prevenção ao crime - que é deve ser subsidiária ao cidadão, e principalmente a justiça - em especial por esta desenvolver os primeiros passos na área criminal, que é de atribuição exclusiva do Estado, e assim deve ser, pois a justiça não pode ser feita pela próprias mãos.

Portanto, além de ter a renda comprometida com a elevada carga tributária, agora somada ao imposto inflacionário, o mais cruel dos impostos já que penaliza os mais pobres, como vemos agora com a passagens do transporte público, o cidadão ainda tem que comprometer a sua renda para atender às deficiências destes serviços públicos, isso quando pode, o que reforça a limitação de capacidade de consumo. Assim o cidadão foi e é estimulado a consumir produtos desonerados, o faz em suaves e longas, muito longas prestações, a perder de vista, mas fica uma certeza que o navegador genovês, e sua gerentona, que comandam a economia nacional não previram, ou com má fé desconsideraram, o consumo destes produtos desonerados interfere de forma cruel no mercado, pois ao retira capacidade de consumo do cidadão, retira clientes de micro, pequenas, médias e mesmo de grandes grupos que não gravitam nos corredores de Brasília. Esta tem sido uma das principais causas da desindustrialização do Brasil, que retrocedeu a patamares da década de 50 em termos de industrialização, isso em relação ao nosso PIB, “pibinho” como muitos bons economistas citam.

Não fosse o crescimento na área de serviços, que move o mercado interno, mas que na área do comércio se sustenta com produtos importados, em especial os chamados produtos chingling, e a venda do Brasil, venda esta que se dá através da venda de commodities, que sabemos são concentradoras de emprego, riqueza e renda ao contrário dos produtos com valor agregado, que são geradores de emprego, riqueza e renda.

Podemos ver que o Brasil se afasta de uma verdadeira economia de mercado, e se aproxima de uma ditadura, onde até mesmo os itens de consumo e o que alimenta o cidadão é decidido por uma burocracia que apenas teve a competência de criar privilégios, que emPTizou o estado e nePTizou as estatais.

Não é de se assustar portanto que alimentamos a corrupção, que não nos indignamos com a venda do Brasil ou o que é ainda pior, não nos indignamos com   a escalada da violência.
Não nos indignamos que a escalada da violência teve uma forte contribuição por parte de um índio sindicalista eleito com total apoio de uma pandilha que se organiza através de uma entidade chamada Foro San Pablo, e que hoje governa também um país vizinho e interfere politicamente e economicamente em outro para promover a venda da craconha, criptonita, desirée ou zirê, muitas vezes sem que o usuário da maconha o perceba, o que invariavelmente leva ao consumo de drogas mais pesadas. Ela vem de uma parceria formada pelos fornecedores bolivianos de cocaína, crack e pasta com uma associação entre os carperos, que é o MST paraguaio com uma entidade de inspiração no narcoterrorismo colombiano, o Exército do Povo Paraguaio. E o que assistimos nos últimos o Brasil sendo humilhado com a perda de investimentos brasileiros, como os da nacionalização das instalações da PETROBRAS e ser invadido pelos produtos de países vizinhos que aqui estão se fazendo presentes em todos os cantos do país, destruindo a juventude e desestruturando famílias.

Assim podemos concluir que o impacto da desoneração é o mesmo que o efeito de numa droga, pois aliena, entorpece, retira renda do cidadão e a direciona a produtos que retiram dele a qualidade de vida, a saúde ou mesmo a própria vida. O deixa feliz com drogas sobre a mesa, um enorme carnê na gaveta e novos produtos que o encantam visualmente, fazendo-o acreditar que ao lado dos estádios de primeiro nasceu um país que é também de primeiro mundo. Nada mais falso, basta ver nossos indicadores sociais, ambientais, econômicos e principalmente os indicadores de liberdade, os quais não são ensinados em nossas universidades e desconsiderados pelos nossos políticos, como o índice de "Liberdade Econômica", elaborado pelo jornal "Wall Street Journal" e pela "Heritage Foundation" dos Estados Unidos. Ele que é um indicador construído com base em fatores que mais influenciam um enquadramento institucional favorável ao crescimento econômico e desenvolvimento de um país.

Ele procura estabelecer uma correlação positiva entre liberdade econômica e prosperidade, constituindo igualmente um indicador de referência e a mais profunda fonte de informação para investidores, executivos políticos e acadêmicos.

A questão agora é econômica, pois o cidadão não apenas é escravo dos impostos, já que trabalha mais de 40% para fazer frente a eles, ele é escravo dos efeitos que esta “droga” da desoneração está a produzir no Brasil. O que nos falta é a liberdade, para que não aumente a nossa dependência “química” a ela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário