3º Congresso Brasileiro de Gastronomia &
1º Simpósio Regional de Ciência e Tecnologia de Alimentos.
Alimentos: da Alquimia à Ciência
Recebi o convite para assistir na terça-feira 10 de agosto, às 18:30h, à abertura do evento.
Se bem que em Brasília os horários marcados e confirmados nos convites sejam mero pro-forma, o evento organizado pelo Centro de Excelencia em Turismo (CET) da UnB iniciou com apenas 45 minutos de atraso. Achei que receberia a programação do evento logo na abertura, mas fui informado de que o conteúdo impresso do congresso ficaria pronto no dia seguinte. A Professora Ana Rosa Domingues dos Santos, coordenadora de Gastronomia, enviou-me a programação na mesma noite por e-mail.
O evento de Gastronomia da UnB associou-se á Embrapa nacional, onde se realizaram todas as mesa-redondas e as palestras, e a Secretaria Executiva da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos do Distrito Federal (SBCTA-DF).
O foco nos produtos do Cerrado e as entidades envolvidas descritos na apresentação do programa aguçaram minha curiosidade e meu interesse em acompanhar de perto o evento. Recebi prontamente e graciosamente as credenciais para mim e para Américo Luiz Texeira, agricultor de São Paulo, que acabava de voltar de uma viagem à região da Chapada dos Veadeiros, com fome de saber sobre as frutas e os produtos do bioma.
Você, leitor, que segue minhas palavras, entenderá a minha expectativa quanto à qualidade e ao conteúdo desse congresso da UnB, que é para mim uma referência no meio acadêmico, desde minha chegada a Brasília.
Pode parecer fácil fazer a crítica (entendida como análise dos pontos fortes e fracos) de um evento. Sempre considerei a crítica como ponto de apoio na procura do melhor. Neste caso serei implacável, já que se trata de um evento apoiado e criado por entidades de alto nível.
Iniciei a quarta feira, ouvindo Dra. Délia Rodriguez Amaya, da Unicamp, falando sobre cor e saúde – as propriedades dos produtos do Cerrado e seu destaque na alta concentração de carotenóides, em vários produtos, maior que nos ingredientes internacionalmente reconhecidos. A Dra. Gláucia Maria Pastore, da Unicamp, revelou a importância da sabedoria popular para iniciar o estudo cientifico dos benefícios das plantas e frutos do Cerrado e seu teor de substâncias antioxidantes. A mesa-redonda de nível acadêmico finalizou com a apresentação do uso de ingredientes do Cerrado na culinária, trabalho da proprietária da Fazenda Babilônia, de Pirenópolis, Telma Lopes Machado, amplamente reconhecido.
À tarde, a Dra. Maria Clara da Cruz da Embrapa destacou a valorização de alguns produtos brasileiros pelo selo de reconhecimento que receberam com a Indicação Geográfica (IG), como a cachaça de Salinas, e os produtos que obtiveram a Indicação de Procedência (IP), como o Vale dos Vinhedos, e explicou que, no Brasil, todas as indicações para produtos, mesmo artesanais, são regidas pela Lei do Instituto Nacional de Propriedade Industrial INPI 75- 00.
Na palestra “Qualidade: da fazenda até a mesa” – Embrapa Hortaliças, o palestrante confundiu claramente qualidade do produto com segurança sanitária no seu manejo e classificação com maquinário de ponta. Destacou como novidade as “baby folhas” de um empresário americano que viria ao Brasil, no fim do ano, fazer uma palestra para apresentar sua técnica de plantio. Essas variedades de hortaliças já se encontram em produção nacional e à venda em algumas lojas mais sofisticadas de Brasília, desde o início do ano. Ficamos aguardando para uma próxima vez as variedades típicas de hortaliças do Cerrado estudadas pela Embrapa.
O chef Carlos Eduardo Silva, adepto e precursor da cozinha molecular na capital, veio dar uma palestra sobre o conceito e as técnicas desenvolvidas para esse tipo de gastronomia. Uma pena que a qualidade do som picado não permitiu ao publico sentado nas fileiras do centro do auditório seguir seu trabalho, provocando olhares de incompreensão e risadas nervosas dos presentes.
A apresentação da palestra “ Preparações regionais”, da Professora Dra.Raquel Braz Assunção Botelho, da UnB, sobre uma pesquisa feita, em varias capitais, com base no levantamento de pratos tradicionais servidos em restaurantes self-service, que seria um estudo relevante, resultou numa exposição sem valor de referência pela falta de definição e direcionamento nas normas utilizadas, uma pena. Onde estava o orientador desse trabalho?
Em resumo, trata-se de uma iniciativa válida, apesar das limitações desse congresso. Vamos torcer para que a próxima edição do evento corrija as falhas dessa e traga novas contribuições.
Tambem estou na torcida para que boas intenções não sejam somente intenções.
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