Regulamentação paralisa mercado de orgânicos, acusam produtores
Ambiente. Desde 1º de janeiro, o governo federal exige o selo Sisorg, do Ministério da Agricultura, nos produtos agrícolas cultivados sem agrotóxicos e adubos químicos, mas apenas 3 certificadoras que atuam no País conseguiram completar seu credenciamento
29 de janeiro de 2011 | 0h 00
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Andrea Vialli - O Estado de S.Paulo
Produtores de alimentos orgânicos e agências que os certificam acusam a regulamentação federal para esses produtos, que entrou em vigor em 1.º de janeiro, de estar paralisando esse mercado no País. A partir dessa data, os produtos orgânicos, para serem comercializados, precisam ter o selo Sisorg, emitido pelo Ministério da Agricultura.
No entanto, muitas agências certificadoras - responsáveis pela concessão do selo de orgânicos aos produtores - não conseguiram completar seus processos de credenciamento no governo e passar pelas auditorias que atestam que os produtores seguem os preceitos da produção orgânica, como o não uso de adubos químicos e pesticidas. Em razão disso, muitos deles estão impedidos de comercializar seus produtos em supermercados e outros pontos de venda.
Das cerca de dez certificadoras que atuam no País, apenas três - Ecocert, IBD e Tecpar - conseguiram completar seu credenciamento no ministério. Elas obtiveram o selo no final de novembro, restando aos produtores apenas 40 dias para adequar suas embalagens.
O produtor rural José Bassit, que produz hortaliças em um sítio de 3 hectares na região da Serra da Mantiqueira, soube no dia 10 de dezembro que perderia sua certificação da Fundação Mokiti Okada. "Fui informado por uma carta da certificadora de que meu selo não valeria a partir de 1.º de janeiro. Tive de procurar outra certificadora e tive prejuízo, pois não consegui vender minha produção em janeiro."
Além de produzir em seu próprio sítio, Bassit também trabalha para a Blessing Alimentos Orgânicos, que produz geleias e chás. A empresa continua sem certificação até que o acordo com a Ecocert, uma certificadora credenciada, saia em fevereiro. "A intenção da lei era proteger o consumidor. Mas por enquanto ela está trazendo dor de cabeça aos produtores."
Redes de supermercados, como o grupo Pão de Açúcar, suspenderam as compras de produtos orgânicos sem o selo Sisorg, do governo federal. A rede (que trabalha com 130 produtores orgânicos) afirma que não houve falta de produtos em suas lojas.
Atraso. Douglas Yoshimi Harada, secretário da certificadora Mokiti Okada - uma das que não conseguiram se credenciar -, afirma que o prazo dado pelo governo federal foi curto. "Fizemos o cadastro em novembro, mas não houve tempo para que o Inmetro e o Ministério da Agricultura marcassem as auditorias", conta. De origem japonesa, a Mokiti Okada é responsável pela certificação de 300 produtores e fez um acordo com outra certificadora, a IBD, para regularizar 200 produtores. Quem não conseguiu se certificar teve de vender a produção de orgânicos como produto convencional, afirma Harada.
Na avaliação de Daniel Schuppli, diretor da certificadora IMO do Brasil, o problema ocorreu porque houve muita procura pelo credenciamento no Ministério da Agricultura no final do ano passado. "É uma fase de transição. Em fevereiro, devemos passar pelas auditorias", diz. Ele aponta, no entanto, que o mercado ainda carece de regulamentação para produtos como cogumelos, têxteis e cosméticos, que não podem ser vendidos como orgânicos por falta de instrução normativa.
Teorias, pesquisas e reflexões sobre a gastronomia brasileira, por Quentin Geenen de Saint Maur
sábado, 29 de janeiro de 2011
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Uma luz no fundo do tunel
Acabei de aderir ao manifesto Eu Voto Distrital.
Pensei que você talvez também queira ler e assinar.
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2011N5962
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Viajante
Estava embarcado com passagem para as Índias, confinado num espaço exíguo, reduzido entre o céu, o mar e o tempo, sem pressa.
Semanas se passaram e os ventos levavam a nossa embarcação para um horizonte sem farol a vista, deixando para trás o esboço da segurança das costas européias, na memória o dia a dia dos afazeres e os figurinos da minha pequena aldeia.
A água aprisionada em grandes jarras e tonéis de madeira não acompanhava mais o balanço enjoativo da caravela.
A catinga impregnada no ar afugentava os saudosos perfumes das comidas caseiras que tentavam em vão se agarrar na memória dos prazeres.
O horizonte não dava trégua, não parava de se abrir e seu vazio começava a embriagar a mente da tripulação.
Horas o vento castigava as velas obesas e as engenharias com tanta força que arremetia o gigante de madeira numa briga vital entre o sólido e o liquido.
Horas o silencio mortal da ausência do vento desperdiçava a cantoria melancólica dos marinheiros e seus medos velados.
Uma gaivota apareceu nos azuis dos infinitos para ressuscitar o mundo dos seres resignados ao Deus dará.
Terra!
Um imenso jacaré deitado no sol barrava o horizonte. Da sua vista nasceu um novo sonho com a possibilidade de encontrar as novidades tão almejadas antes e durante a travessia.
No convés todos olhavam para frente, ninguém queria olhar para trás para esquecer o tempo das duvidas e do isolamento. O cheiro afrodisíaco da terra chegava à nave em ondas leves surfando sobre um mar tranqüilo renovando o ar pesado da casa destacando o perfume azedo próprio a cada um dos viajantes.
A natureza desenrolava um gigantesco tapete sinuoso de areia dourada como para esperar os recém chegados. A vida animava o entardecer com revoadas de pássaros que se espelhavam nas águas escuras do rio, cantos e gritos sacudiam o topo das grandes arvores e seu mundo oculto.
Ao amanhecer um longo corso de figuras se formou saindo e voltando de dentro da mata auxiliar enquanto a tripulação colocava as canoas nas água turquesas do mar.
As pequenas embarcações apenas pousaram sobre a areal, um grito se ouviu da comunidade dos ribeirinhos, Há Me Rica, Há Me Rica...
Nossos olhares espantados se cruzaram: América?
Sorrisos, medos, troca de olhares e toques se repetiram entre os homens durante a manhã inteira.
As índias traziam frutas, raízes, farinhas, grãos e grandes folhas verdes. As crianças traziam uma variedade de peixes e conchas. Por um tempo curto, os homens se retiraram de campo e voltaram com suas caças.
Fogueiras se acenderam como por encanto nas areias finas da praia.
Os peixes, dourados, raias, baiacus, siris e caranguejos, ostras e camarões foram embrulhados nas folhas de bananeiras e depois escondidos na areia e cobertas com cinzas.
As mandiocas raladas, os beijus e tapiocas assados em grandes travessas redondas de barro assentados em pequenos fogareiros, as batatas doces e outras raízes colocadas nas fogueiras, os cocos rachados e as frutas empilhadas. As espigas de milho foram debulhadas e assadas nas chamas do fogo, os jabutis trazidos em pencas assadas nas reminiscências das toras incandescentes. As caças evisceradas, cortadas e espetadas em varas de madeiras verdes e regadas com água do mar, outras eram dispostas mais altas para deixar a fumaça impregnar suas essências de madeira na carne fresca.
O banquete dos frutos da terra estava encaminhado.
Os pacotes verdes desenterrados e abertos com alegria, as mãos alertas retiravam pedaços dos seus conteúdos misturando-os com bocados de mingau de mandioca e beijus. Cheiros diversos exalavam por toda parte, convidando a uma refeição farta, inusitada e diversificada.
As boas vindas estavam dadas
Tem Coca Cola?
Temos Guaraná!
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
ZPedro e seu bacalhau
3 Garrafas de Azeite
1 Dente de Alho por pessoa
2 Kg de Bacalhau dos mares do Norte dessalgado
1 Kg de Cebolas miudas descascadas
5 Folhas de Louro fresco
1 Kg de Batatas novas
1 maço de Couve-manteiga, folhas limpas e sem hastes.
10 Ovos Caipiras cozidos
250 gr de Azeitonas verdes sem caroço
Pimenta do reino moida a gosto
Derramar o azeite numa panela grande, em seguida juntar os dentes de alho e as batatas.
Quinze minutos depois adicionar o loro, as cebolas e deixar cozinhar em fogo baixo por mais quinze minutos.
Adicionar as postas de bacalhau dessalgados, tampar e deixar cozinhar mais 30 minutos.
Deitar as folhas de couve por cima e com delicadeza e ajuda de uma colher de pau mergulhar cada folha no fundo da panela.
Juntar os ovos cozidos, as azeitonas e deixar mais 5 minutos antes de servir.
O autor dessa receita sugere como acompanhamento pão e um bom vinho tinto.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
De volta das férias na Mantiqueira
Fiquei, durante as férias, debaixo de chuva e em cima das nuvens, com os pés fincados nos verdes montes da Serra da Mantiqueira. Como vista, um horizonte desenhado por mansas curvas formadas por pastos e matas nativas, onde se podia assistir todo fim de dia a um rebanho de neblinas sem fim que deslizava em silencio até o anoitecer.
As janelas do meu quarto estavam sempre abertas, sem grades, para desfrutar da segurança e da quietude e permitir aos beija-flores e outros pássaros entrar para secar suas penas num zumbir frenético de asas, cabendo a mim agradecer a natureza por essas visitas-relâmpago.
Antes do fim do ano, desci do meu refugio para assistir à cerimônia da criação do Monumento Natural da Pedra do Baú, com a presença do Governador Alberto Goldman, do Prefeito Ildefonso Mendes Neto, do Secretário do Meio Ambiente Pedro Ubiratan Escorel de Azevedo e do Professor José Pedro de Oliveira Costa, responsável pelo processo de tombamento. Evento comemorado com um almoço preparado por Zépedro, um bacalhau (o legitimo) desalgado durante uma noite a ceu aberto vagamente iluminado por uma lua leitosa, e cozido e mergulhado em 3 vidros de azeite com dentes de alho, batatas, cebolas, azeitonas, couve-manteiga e ovos cozidos.
Melhor terapia impossível para tentar apagar a triste memória da decadência visível sofrida pela Capital do país nesses últimos anos .
No 31 de dezembro à noite, no circuito de noticias “cell-on”, já circulava a informação de que a Estrada Parque, em fase de realização, que leva a Visconde de Mauá, estava fechada por quedas de barreiras.
Quando o clima e a boa vontade das pessoas ajuda, a casa torna-se um verdadeiro centro de cuidados gustativos. Foi exatamente o que aconteceu na casa da Ruth e da Vicky. O lema para as refeições da estadia era escolher só ingredientes das redondezas fornecidos pelos pequenos produtores da região.
Mexidinho de ovos caipiras da Neusa batido com creme de leite fresco e ervas colhidas na horta, pernil de leitão adormecido na pinga e no mel de engenho e assado no forno a lenha, desfiado de trutas defumadas com salada de frutas crocantes e coalhada fresca, presunto defumado assado com geléia de jabuticaba, compota de pêssegos colhidos no pé, queijo fresco orgânico com goiabada-cascão quente saindo direto do tacho de cobre e muito, muito, frisante.
Café expresso bom só na pracinha da cidade no “Trilha do Café”.
A volta a São Paulo foi brindada por uma tarde com o autor,formado em sociologia Ariovaldo Franco festejando com muitos frizantes a quarta edição do livro dele “De Caçador a Gourmet - uma História da Gastronomia”.
sábado, 8 de janeiro de 2011
Em 2011,lula só frita.
Os chefs de restaurantes brasileiros estão na maior alegria: o verão será mais alegre do que nunca neste país. Em 2011, terão de volta um ingrediente muito apreciado pelo povo, pelas elites e pelos amantes da gastronomia, nos restaurantes, nos kioskes de beira-mar e nos botecos do Rio de Janeiro.
A razão é muito simples: no quesito frutos do mar, os cardapios terão de novo a presença do molusco do mar da classe dos cefalópodes (do grego kephale, cabeça + pous, pé/pés na cabeça). Os cromatóforos possuem, na pele, células que permitem mudança de cor, dependendo do ambiente em que se encontram, o que determina sua capacidade mimetizante. Essa particularidade permite ao molusco, quando ameaçado ou perseguido por inimigos, mudar de cor e ficar transparente para fazer de conta que não está nem aí e, assim, escapar das possiveis ameaças. Como ajuda complementar para estirpar suas vítimas, tem um par de glândulas salivares venenosas.
Para limpar a lula é necessario superar seu proprio asco. O bicho é viscoso, meloso e escorregadio. É preciso enfiar as mãos pelos pés para chegar até a boca do animal, em formato de bico de papagaio afiado, que precisa ser removida com muita atenção. Mesmo morto uma tinta preta pegajosa se libera quando você penetra suas entranhas para limpar as viceras, mais um modo de defesa do animal. Por fim, não se pode deixar de retirar a sua unica estrutura, uma haste cartilaginosa, esqueleto flexível que permite ao bicho se locomover em todos os sentidos, sem constrangimentos.
Ensopado, picadinho, recheado, grelhado ou frito é sempre bom lembrar que o molusco em si tem um sabor insípido: o tempero escolhido pode fazer toda a diferença. Outro senão é o ponto de cozimento do animal. Ele pode ficar borachento ou pastoso e, ingerido em excesso, pode prejudicar sua saúde.
Se antes poderia haver alguma confusão entre o molusco e o dirigente supremo da nação, hoje não há a mínima dúvida: molusco é molusco e ex-presidente é ex-presidente. Ex.
Diretamente de “Banânia”
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