Teorias, pesquisas e reflexões sobre a gastronomia brasileira, por Quentin Geenen de Saint Maur
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
De volta das férias na Mantiqueira
Fiquei, durante as férias, debaixo de chuva e em cima das nuvens, com os pés fincados nos verdes montes da Serra da Mantiqueira. Como vista, um horizonte desenhado por mansas curvas formadas por pastos e matas nativas, onde se podia assistir todo fim de dia a um rebanho de neblinas sem fim que deslizava em silencio até o anoitecer.
As janelas do meu quarto estavam sempre abertas, sem grades, para desfrutar da segurança e da quietude e permitir aos beija-flores e outros pássaros entrar para secar suas penas num zumbir frenético de asas, cabendo a mim agradecer a natureza por essas visitas-relâmpago.
Antes do fim do ano, desci do meu refugio para assistir à cerimônia da criação do Monumento Natural da Pedra do Baú, com a presença do Governador Alberto Goldman, do Prefeito Ildefonso Mendes Neto, do Secretário do Meio Ambiente Pedro Ubiratan Escorel de Azevedo e do Professor José Pedro de Oliveira Costa, responsável pelo processo de tombamento. Evento comemorado com um almoço preparado por Zépedro, um bacalhau (o legitimo) desalgado durante uma noite a ceu aberto vagamente iluminado por uma lua leitosa, e cozido e mergulhado em 3 vidros de azeite com dentes de alho, batatas, cebolas, azeitonas, couve-manteiga e ovos cozidos.
Melhor terapia impossível para tentar apagar a triste memória da decadência visível sofrida pela Capital do país nesses últimos anos .
No 31 de dezembro à noite, no circuito de noticias “cell-on”, já circulava a informação de que a Estrada Parque, em fase de realização, que leva a Visconde de Mauá, estava fechada por quedas de barreiras.
Quando o clima e a boa vontade das pessoas ajuda, a casa torna-se um verdadeiro centro de cuidados gustativos. Foi exatamente o que aconteceu na casa da Ruth e da Vicky. O lema para as refeições da estadia era escolher só ingredientes das redondezas fornecidos pelos pequenos produtores da região.
Mexidinho de ovos caipiras da Neusa batido com creme de leite fresco e ervas colhidas na horta, pernil de leitão adormecido na pinga e no mel de engenho e assado no forno a lenha, desfiado de trutas defumadas com salada de frutas crocantes e coalhada fresca, presunto defumado assado com geléia de jabuticaba, compota de pêssegos colhidos no pé, queijo fresco orgânico com goiabada-cascão quente saindo direto do tacho de cobre e muito, muito, frisante.
Café expresso bom só na pracinha da cidade no “Trilha do Café”.
A volta a São Paulo foi brindada por uma tarde com o autor,formado em sociologia Ariovaldo Franco festejando com muitos frizantes a quarta edição do livro dele “De Caçador a Gourmet - uma História da Gastronomia”.
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