Devem ser retomados amanhã os trabalhos de contenção do óleo que vazou na subestação desativada da Celesc no bairro Tapera, ao sul de Florianópolis. O medo é que a produção de marisco e de ostra na região possa ser afetada
O vazamento de 12 mil litros de óleo que pode conter ascarel, uma substância altamente perigosa e que teve a fabricação proibida no Brasil em 1981, levantou uma série de dúvidas sobre o impacto ambiental que pode causar na área afetada. Enquanto as análises que vão confirmar ou descartar a presença do ascarel na área de mar e mangue entre o Ribeirão da Ilha e a Tapera não ficam prontas (vão levar pelo menos 15 dias), a recomendação é cautela. Embora autoridades e estudiosos digam que a probabilidade de contaminação é pequena, e que o embargo das atividades de pesca e maricultura são preventivos, também não negam que o risco existe.Comprovada ou não sua existência no ambiente, o certo é que o ascarel, nome comum dado ao componente PCB (bifenila policlorada) é uma sustância altamente tóxica que se assemelha aos pesticidas e pode trazer danos irreversíveis aos organismos que tenham contato com ele. Marcio Tamanaha, professor de oceanografia e engenharia ambiental da Univali (Universidade do Vale do Itajaí), o classifica como um fluído perigoso, que age silenciosamente e que, de acordo com a quantidade de cloro existente em suas moléculas, tem ampla capacidade destrutiva.
Por conta de sua estrutura molecular quase insolúvel, o impacto ambiental provocado pelo PCB, segundo o professor, pode ser bastante severo. “Se um peixe contaminado é comido por um pássaro, automaticamente este organismo será contaminado”, explicou.
O mesmo pode acontecer com pessoas que ingerirem algum produto exposto ao ascarel. “O maior dano é via oral, na alimentação”, pontuou. Segundo Tamanaha, o efeito não é letal, mas provoca alterações genéticas nos seres contaminados, como mudanças nos estágios de reprodução, processo de engorda, crescimento e desenvolvimento do organismo: “Em alguns casos, pode ser eliminado pelas defesas do organismo, tudo depende da quantidade ingerida”.
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